Tradicional coro de Belo Horizonte, Ars Nova tem atividades comprometidas por cortes na UFMG

Falta de verba leva à alteração de rotina de ensaios e concertos do grupo sexagenário, referência na música coral brasileira

O Ars Nova-Coral da UFMG, tradicional coro profissional da cena cultural belo-horizontina que neste ano celebra 60 anos de fundação, está com funcionamento comprometido em função dos cortes que afetam as universidades públicas no Brasil. A falta de recursos impacta o pagamento de bolsas dos integrantes, a rotina de ensaios e a programação do grupo vocal, vinculado à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Até o final do ano, os ensaios do coro, que regularmente acontecem três vezes por semana, serão reduzidos e rearranjados para responder ao corte de cerca de 37% da verba de manutenção do grupo. Em caráter excepcional, o Ars Nova está revendo sua agenda, mas garante em novembro e dezembro, a realização de concertos abertos ao público, gratuitos ou a preços acessíveis, como é de praxe no grupo.

As medidas foram pensadas procurando manter os compromissos do Ars Nova com o público e as instituições parceiras. “Trata-se de uma atitude drástica e emergencial diante do cenário que está posto para nós”, afirma Lincoln Andrade, maestro titular do grupo. “Não vamos medir esforços para viabilizar a plena continuidade de nossas atividades, que cumprem um importante papel na difusão da música coral em Minas e no Brasil”.

O corpo artístico do Ars Nova-Coral da UFMG conta com 22 coristas altamente qualificados, pianista correpetidor, regente titular e regente assistente. A estrutura da UFMG proporciona solidez ao trabalho do grupo e garante a manutenção de seu notável nível artístico e técnico, resultando em uma agenda mensal de concertos, com um número crescente de público. Os concertos são realizados em diferentes espaços culturais de Belo Horizonte e de outras cidades, com repertório variado e entrada gratuita, salvo raras exceções.

Trajetória de excelência no canto coral

Neste ano, o Ars Nova-Coral da UFMG completa 6 décadas, tendo se consolidado como referência na área de canto coral no Brasil e no exterior. Desde 1959, foram mais de 1.500 apresentações realizadas nos mais diversos palcos, desde igrejas históricas no interior mineiro até o Palácio do Planalto.

Sob a regência do maestro Carlos Alberto Pinto Fonseca, de 1962 a 2004, o coro conquistou inúmeros prêmios e condecorações em importantes festivais nacionais e internacionais e realizou apresentações em 12 estados brasileiros e outros 17 países. Desde sua retomada, em 2013, o Ars Nova alcançou um público aproximado de 28 mil pessoas em mais de 120 concertos no Brasil e exterior. Destacam-se dois prêmios recebidos em 2016, sob a regência da maestrina Iara Fricke Matte: o Troféu JK de Cultura e Desenvolvimento e a conquista do terceiro lugar na categoria Coro Misto do 34º Festival Internacional de Música de Cantonigròs, Vic (Espanha).

Em 2017, o maestro Lincoln Andrade assumiu a regência do coro, e foi criada a série Banquete de Vozes do Natal, um sucesso de público e crítica. Em sua nova fase, além dos diversos concertos realizados em Belo Horizonte, o Ars Nova se apresentou em Brasília, Juiz de Fora, Ouro Preto, Uberlândia e Leopoldina (MG), dentro da proposta de levar a música coral pelas estradas de Minas e do Brasil. O grupo também tem se dedicado a estreias brasileiras de diversas obras contemporâneas.

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